segunda-feira, 9 de março de 2020

Um Walleye Muito Especial

O dia estava encoberto de nuvens, com brisa forte, acima dos 20 Km/h e rajadas de vento fortes, acima dos 40 Km/h. Procurava ficar de costas para o vento, tentando me proteger e aliviar a sensação térmica. Comecei como nos dias anteriores, abrindo um buraco no gelo, com o trado manual e jigando, pacientemente. Mas sentindo a pressão do fim da temporada do gelo resolvi mudar de tática. Até então havia pescado três lindas, mas pequenas percas amarelas e queria pegar no gelo, pelo menos, um peixe maior, como um lúcio.

Em vez de ficar parado em um buraco esperando passei a mudar de local, após alguns minutos em cada buraco, sem atividade. Além disso, em vez de gastar tempo e energia abrindo novos buracos com o trado de gelo manual passei a procurar e reabrir buracos deixados por outros pescadores, nos dias anteriores, e que, ainda não haviam congelado, totalmente, de novo. Para reabrir os buracos usei um simples cabo de vassoura, que encontrei sobre o rio congelado dias antes. Quando encontro lixo assim costumo recolher para jogar em local adequado. Desta vez, o que era lixo passou a fazer parte da minha tralha de pesca, puxada no sled, e foi bem útil.

Era agora ou nunca, pois a condição do gelo estava se deteriorando com o aumento da temperatura, nos dias anteriores. Resolvi arriscar um pouco e ir mais para o meio do canal. Até esse dia, por cautela estava evitando ir em direção ao meio do canal. De repente, em um dos buracos senti um forte e rápido puxão para baixo na vara. Infelizmente não fisgou, mas deduzi que o peixe poderia não ter ido embora ou que poderia haver, pelo menos, outro junto, então resolvi insistir e lancei a isca de novo no mesmo buraco, jigando com uma das mãos já na manivela do molinete, de prontidão para fisgar e recolher a linha ao menor movimento na vara.

De repente senti outro puxão rápido e forte, para baixo, na vara. Imediatamente levantei a ponta da vara, para garantir a fisgada, pois retiro a fisga dos anzóis, para evitar machucar os peixes à toa. Levantei a vara, sem exageros, apenas, o suficiente para garantir a fisgada e evitar machucar a mandíbula do peixe e atrapalhar a sua alimentação no futuro. Pesca sem esses mínimos cuidados não é pesca esportiva.

Vídeo - Um walleye muito especial.

O momento da fisgada.

Foi lindo vê-lo jogando água para todos os lados, durante a luta, enquanto aparecia para fora do buraco no gelo. Mas na primavera acho que este belo walleye brigaria um pouco mais, pois o metabolismo está mais baixo no inverno.

Fez um espetáculo enquanto saia do buraco no gelo.

No primeiro momento, erroneamente identifiquei como outra perca amarela. Talvez pelo cansaço acumulado por conta do desgaste de dias andando no gelo e fazendo furos com o trado manual.

Ainda tentando acreditar no que estava vendo.

Parecia bem saudável, em relação às restrições do período do inverno sob o gelo. Sem marcas de predadores e parasitas aparentes. Mesmo com a luva de pesca no gelo pude sentir toda a força dos seus músculos em minhas mãos, enquanto eriçava e exibia a bela barbatana dorsal espinhosa.

 Senti a força dos seus músculos.

 Eriçando a barbatana dorsal.

Gostaria de poder ficar mais tempo admirando, mas precisava devolvê-lo, em tempo, para a água. Assim, foi devida e cuidadosamente devolvido, pelo buraco no gelo, após o prazer e as recordações que proporcionou. Vai ter a oportunidade de se reproduzir e alegrar outros pescadores. Pesca esportiva, de verdade é assim.


Foi um alivio pescar no gelo aquelas três percas amarelas, nos dois dias anteriores, mas precisava pegar, pelo menos, um peixe maior no gelo, como este belo walleye. Valeu a pena mudar de tática e a arriscar indo um pouco mais para o meio do canal. Bem no final da temporada fui presenteado com um belo walleye.

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